segunda-feira, 28 de março de 2011

Gnomeu e Julieta

"Todos sabemos que os gnomos de jardim servem apenas como ornamento - mas nesta história, inspirada no clássico "Romeu e Julieta" de William Shakespeare, eles ganham vida todas as vezes que os humanos viram costas. Gnomeu e Julieta pertencem a famílias de jardins rivais, mas descobrem um no outro a sua alma gémea e só querem poder ficar juntos e viverem felizes para sempre. Realizada por Kelly Asbury ("Shrek 2"), esta comédia animada foi produzida por Elton John que cedeu muitas das suas canções mais conhecidas para a banda sonora."
PÚBLICO



A vendedeira das quatro estações

Para lerem aos vossos filhos e dar as boas vindas à Primavera.

Primavera

Na Primavera, rumo ao mercado,
passa a rainha dos vendedores.
Cobre-lhe a saia, muito engomado,
o avental azul às flores.

Leva no carro, bem recheado,
toda a horta, com seus primores:
legume verde, fruto encarnado...
Não há mais frescos, não há melhores!

Todos conhecem já seu brado,
pela cidade e arredores:
- Comprem, que é tudo do vosso agrado!
Dá vida aos olhos e boas cores!

Verão

Mal o Verão chega, ao sol que cresta,
a vendedeira não se atrapalha:
defende os olhos, nariz e testa
com um doirado chapéu de palha.

E, no carrinho, espalha, então,
tomate fresco e beringela,
melão, damasco, que óptimos são
nas sobremesas e na panela.

E chama, alegre, os seus clientes
que se amontoam, logo, ao redor:
- Comam damasco, metam-lhes os dentes,
pois mata a sede, mais calor!

Outono

Pelo Outono, a vendedeira
põe um xailinho, pois ela é prática:
sabe ser essa a melhor maneira
de não ter frio nem ser reumática.

E o carrinho, cada manhã
cheio de amoras, como um pomar,
transporta ameixa, pêra, maçã
e uva preta, milho pra assar.

E o brado, agora, com que alegria
sobe nos ares; com que vigor!
- Quem comer uma maçã por dia
não necessita mais do doutor!

Inverno

E no Inverno, tão fraco o sol,
a neve e a chuva tão inclementes,
a vendedeira usa cachecol,
barrete e botas, grossas e quentes.

No carro, agora, só há limão,
Laranja, couve, castanha, ervilha,
mas tão viçosos, tão lindos, tão
apetitosos, que é maravilha!

E, pelas ruas, ela apregoa:
- Limões, laranjas e tangerinas!
Não há pra gripe fruta tão boa!
Comam-lhe e bebam-lhe as vitaminas!

Poema retirado do livro Versos de Cacaracá. Texto.

Porque hoje é segunda... é dia de Teoria!

Donald Woods Winnicott (Plymouth, 7 de Abril de 1896 - ?, 1971) - pediatra e psicanalista inglês.

"Para Winnicott a criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior. O bebé nasce também com uma tendência para desenvolvimento. A tarefa da mãe é oferecer um suporte adequado para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento óptimo."
Teoria sobre a importância e efeitos do cuidado materno:

HOLDING   (sustentação)
Para Winnicott a sustentação ou holding protege contra a afronta fisiológica. Esta sustentação compreende, especialmente, a mãe segurar o bebé nos seus braços como forma de amar. A mãe funciona como um ego auxiliar.
Durante os últimos meses de gestação e primeiras semanas depois do parto a mãe "entra" num estado de maior sensibilidade, uma capacidade particular para se identificar com as necessidades do bebé - "preocupação materna primária".
No vínculo entre a mãe e o bebé assentarão as bases para um desenvolvimento saudável das capacidades inatas do indivíduo.

SELF VERDADEIRO E SELF FALSO
O ser humano, para Winnicott, nasce como um conjunto desorganizado de pulsões, instintos, capacidades perceptivas e motoras que conforme progride o desenvolvimento vão se integrando, até alcançar uma imagem unificada de si e do mundo externo. (Bleicmar e Bleicmar, 1992).
Winnicott diz que a “mãe boa” é a que responde a onipotência do lactante e, de certo modo, dá-lhe sentido. O self verdadeiro começa a adquirir vida, através da força que a mãe, ao cumprir as expressões da onipotência infantil, dá ao ego débil da criança. A mãe que “não é boa” é incapaz de cumprir a onipotência da criança, pelo que repentinamente deixa de responder ao gesto da mesma, em seu lugar coloca o seu próprio gesto, cujo sentido depende da submissão ou acatamento do mesmo por parte da criança. Esta submissão constitui a primeira fase do self falso e é própria da incapacidade materna para interpretar as necessidades da criança.

OBJECTO TRANSICIONAL
O movimento da psique entre o mundo das coisas e as fabricações da mente é uma actividade "transional", adjectivo fundamental na obra de Winnicott. O conceito mais conhecido é o de "objecto transional", representado classicamente pelo "cobertorzinho" a que muitas crianças se agarram numa determinada fase. “Esse objecto é ao mesmo tempo uma coisa objectiva - existe num mundo compartilhado - e subjectiva - para o seu dono, ele faz parte de uma fantasia, "possui vida própria", explica Bogomoletz.

DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO
Winnicott propõe que a maturação emocional se dê em três etapas sucessivas: a da integração e personalização, a da adaptação à realidade e a de pré-inquietude ou crueldade primitiva.

INTEGRAÇÃO E PERSONALIZAÇÃO
"A integração é obtida a partir de duas séries de experiências: por um lado tem especial importância a sustentação exercida pela mãe, que “recolhe os pedacinhos do ego”, permitindo a criança que se sinta integrada dentro dela; por outro lado há um tipo de experiência que tende a reunir a personalidade em um todo, a partir de dentro (a atividade mental do bebê). Chega um período em que a criança, graças às experiências citadas, consegue reunir os núcleos do seu ego, adquirindo a noção de que ela é diferente do mundo que a rodeia. Esse momento de diferenciação entre “eu” e “não-eu” pode ser perigoso para o bebê, pois o exterior pode ser sentido como perseguidor e ameaçador. Essas ameaças são neutralizadas, dentro do desenvolvimento sadio, pela existência do cuidado amoroso por parte da mãe."
"A personalização – definida por Winnicott como “o sentimento de que a de que a pessoa de alguém encontra-se no próprio corpo”. O autor propõe que o desenvolvimento normal levaria a alcançar um esquema corporal, chamando-o de unidade psique-soma. Gurfinkel (1999) diz que a psique e o soma – que formam o esquema corporal de todo indivíduo – interpenetram-se e desenvolvem-se em uma relação dialética, e apresentam o paradoxo da diversidade na unidade.
Para Winnicott mente e psique são conceitos diferentes; trata-se de registros relacionados, mas heterogêneos. A psique é a elaboração imaginativa das partes, sentimentos e funções somáticas e não se separa, nem se divide do soma. A mente, no desenvolvimento saudável, não é nada mais do que um caso particular do funcionamento do psicossoma, surgindo como uma especialidade a partir da parte psíquica do psicossoma."

ADAPTAÇÃO À REALIDADE
"Bleichmar e Bleichmar (1992) dizem que para Winnicott a fantasia precede a objectividade, e o seu enriquecimento com aspectos da realidade depende da ilusão criada pela mãe; tudo repousa no vínculo precoce da criança com sua mãe. Mas o acoplamento entre alucinação infantil e os elementos da realidade fornecidos pela mãe nunca poderá ser perfeito. No entanto, o lactante pode vivê-lo como quase óptimo, graças a uma parte de sua personalidade, que procura preencher o vazio entre alucinação e realidade – a mente."

CRUELDADE PRIMITIVA
"Depois de a criança ter alcançado a diferenciação entre ela e o meio circundante e se adaptar em certa medida à realidade, pela absorção de pautas objetivas dela, que modificam suas fantasia, o último passo que deve dar é integrar em um todo as diferentes imagens que tem de sua mãe e do mundo.
Winnicott pensa que a criança pequena tem uma cota inata de agressividade, que se exprime em determinadas condutas auto-destrutivas. O bebê volta seu ódio sobre si mesmo para proteger o objeto externo; mas esta manobra não é suficiente e em sua fantasia a mãe pode ficar intensamente danificada. (Bleichmar e Bleichmar, 1992)"

Em suma, Winnicott enfatiza a importância da participação da mãe na adaptação do bebé à realidade e no seu desenvolvimento emocional.
retirado e adaptado de http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos


terça-feira, 22 de março de 2011

É importante pintar

Reflectindo acerca do artigo anterior, o blog CresSER acha a actividade de desenhar e colorir bastante importante por todos os motivos referidos. Há um desenvolvimento de capacidades a vários níveis: físicas como o exercitamento de músculos no acto de pegar nos lápis, coordenação para reconhecer a cor e pegar nela; mentais como concentração, expressão de emoções, criatividade e imaginação, o saber respeitar limites ainda que de um desenho. Pegando neste último aspecto, o blog CresSER acha que uma criança ao aprender a respeitar as linhas que delimitam o desenho, isso se vai transpor depois para a realidade social havendo uma maior facilidade por parte da criança em obedecer e respeitar limites impostos pelos pais ou pela sociedade pois já esteve em contacto com eles e sabe que transpô-los é reprovável (no caso dos desenhos não fica bonito e no caso das letras não fica perceptível, por exemplo.) Por outro lado, os pais quando a criança lhes apresenta um desenho, uma pintura fora dos limites não deve ser criticada, apenas incentivada a melhorar. Ao estarmos a dizer à criança que a pintura está errada por não ser perfeita podemos estar a transmitir à criança: "Se não for perfeito, não serve" e isto poderá ter consequências negativas na sua personalidade tais como o perfeccionismo.
Assim, esta actividade lúdica é também um meio de crescimento e desenvolvimento muito completo e que se feito em família ainda há uma outra capacidade que se desenvolve que é a social e com certeza que é também bastante gratificante para os pais verem as obras de arte que saem das mãozinhas dos seus filhos.

Pinte com os seus filhos e ajude-os a crescer!

Mais do que uma actividade lúdica, fazer e colorir desenhos tem um papel muito importante no desenvolvimento de várias capacidades infantis, mas não só. Colorir desenhos é uma actividade tão natural para as crianças como dormir e chorar. Muito mais do que formas aleatórias, colorações monocromáticas ou rabiscos quase ilegíveis, o acto de colorir é extremamente importante nos artistas de palmo e meio, incentivando o desenvolvimento de várias e essenciais capacidades físicas e mentais.  
Identificação das cores. A maioria das crianças tem a sua primeira (e muitas vezes única!) exposição à roda das cores e ao conceito de arte, graças às brincadeiras infantis com lápis de cor, de cera e marcadores. Aprender a distinguir as diferentes cores bem cedo, é meio caminho andado para perceber as suas várias e correctas aplicações, bem como possíveis misturas entre cores primárias e secundárias, mais tarde.  
Aperfeiçoamento das capacidades motoras. Um lápis de cera é, para muitas crianças, o primeiro objecto que aprendem a segurar, para o poderem controlar. Dominar um lápis de cera é a rampa de lançamento para conseguirem dominar as restantes ferramentas de colorir – lápis de cor, marcadores, pincéis – e, mais tarde, os de escrita – caneta e lápis. Quanto mais bem desenvolvidas estiverem as suas capacidades de segurar e de controlar um lápis de cera, mais facilitada será a sua aprendizagem mais tarde, quando começarem a escrever. Desde segurar firmemente o lápis de cera, a reconhecer as cores que devem ser utilizadas, até ao acto de afiar os lápis, a verdade é que colorir desenhos implica uma enorme coordenação entre os olhos e as mãos. Quanto mais praticarem, mais vão desenvolver esta aptidão tão básica para a vida. Além disso, enquanto as crianças se entretêm a colorir, interagindo com marcadores, tintas, lápis de cor, de cera e papel, estão a trabalhar e a fortalecer os músculos das mãos. Colorir exige uma coordenação básica e um esforço conjunto entre os músculos dos braços e os das mãos que, uma vez desenvolvidos, permitirão às crianças executar actividades mais exigentes, mas com dificuldade mínima.  

Estabelecer limites. Uma criança mais nova não saberá respeitar as linhas do seu desenho tão bem como uma criança mais velha que já faz um esforço enorme para colorir dentro das mesmas… mas depressa chega lá! E ainda bem! Reconhecer e respeitar estes limites (mesmo que sejam os de um desenho!) é uma excelente experiência e método de aprendizagem para aquilo que se segue: escrever letras e números nas linhas de um caderno!
Concentração máxima. As crianças que se dedicam a 100% à coloração dos seus desenhos fazem-no na perfeição: não há espaço que fique por preencher, nem linha que tenha sido cruzada! E isto porquê? O simples acto de colorir tem a capacidade de prender a atenção de uma criança, estimulando a sua concentração máxima, mesmo face a um ambiente barulhento como uma sala de aula ou a cozinha antes da hora de jantar. Com o passar do tempo, os seus níveis de concentração vão continuar a melhorar.  
Expressão pessoal é uma forma de terapia. As crianças privilegiam uma folha de papel branca e lápis de cera para exprimir as suas opiniões, sentimentos e medos – muito mais do que a comunicação verbal. O simples acto de colorir pode ser terapêutico para muitas crianças e é uma actividade utilizada em muitos hospitais, centros de aprendizagem e instituições para possibilitar o “descarregar” de emoções, sentimentos e frustrações. É esta a forma que a pequenada encontra para contar uma história que terá, invariavelmente, representações de cenas e de pessoas da sua vida real. Um desenho encerra um sem número de significados, presentes em pormenores que podem não ser imediatamente evidentes, mas que com um olhar mais atento podem revelar algo que possa estar a afectar a criança de forma negativa. Vários estudos já comprovaram que é bastante fácil perceber o que alguém está a sentir através das imagens que desenha ou das cores que utiliza para colorir. Por exemplo, uma criança que desenha facas, pistolas, caveiras ou outros objectos perturbantes pode estar a pedir ajuda. Por outro lado, uma criança que desenha o sol, passarinhos, corações ou outros objectos alegres, pode estar a expressar o seu contentamento. É um exercício excelente para desenvolver personalidades e deixar a criatividade fluir!  
Missão cumprida! A satisfação e o sorriso na cara de qualquer criança que consegue colorir um desenho inteiro dentro das linhas, é uma vitória muito importante para os artistas de palmo e meio! O sentido de cumprimento, de que tudo é possível, é fundamental para as crianças porque dá-lhes motivos para se sentirem orgulhosos, capazes, confiantes e, claro, para ser congratulado pela sua comunidade mais imediata. Para além disso, é um sentimento de “missão cumprida” que dificilmente esquecerão.
Adaptado do site http://colorirdesenhos.com

domingo, 20 de março de 2011


No seguimento do artigo anterior o blog CresSER considera importante conhecer as consequencias nos comportamentos das crianças e jovens oriundas de familias monoparentais.

O artigo seguinte poderá suscitar nas familias monoparentais algumas preocupações. De referir que "cada familia é uma familia" e que conhecer os factos dá-nos ferramentas para minimizar as suas consequencias. Uma boa leitura...


Estudos em crianças oriundas de famílias monoparentais e biparentais


As características familiares são relevantes na análise de toda uma série de comportamentos por parte das crianças e dos jovens. Estudos de grande amplitude levados a cabo após o ajustamento de variáveis como o sexo, a educação do progenitor, a residência e os rendimentos revelam que as diferenças na estrutura familiar comportam riscos diferenciais entre crianças oriundas de famílias biparentais e crianças oriundas de famílias monoparentais.


- Ao atingirem a idade adulta, as crianças que cresceram em famílias monoparentais têm uma probabilidade três vezes maior do que as crianças oriundas de famílias intactas de vir a ter filhos fora do casamento, para além de uma probabilidade 2,5 vezes superior, nas raparigas, de virem a ser mães adolescentes;


- As probabilidades de uma jovem vir a ser mãe adolescente são de 37% para jovens oriundas de famílias monoparentais matriarcais nas quais a mãe seja solteira, 33% para jovens oriundas de famílias divorciadas, 21% para órfãs de pai; e 11% para as jovens oriundas de famílias intactas;

- A ausência de pai expõe a criança a um elevado risco de vir a ter um desenvolvimento social desequilibrado, o que pode afectar, num primeiro momento, os seus resultados escolares e, em última análise, as suas hipóteses de mobilidade social. De igual forma, a proveniência de uma família monoparental traduz um risco acrescido para a criança também ao nível da saúde;


- Um estudo do National Center for Health Statistics concluiu que os jovens oriundos de famílias monoparentais e famílias adoptivas (stepfamilies) têm uma probabilidade duas a três vezes maior do que as crianças de famílias biparentais intactas de virem a sofrer de distúrbios emocionais ou comportamentais;


- Um estudo da Universidade Estadual de Kent, no Ohio, sobre o impacto do divórcio nas crianças comparou os desempenhos de crianças de famílias biparentais e crianças de famílias monoparentais resultantes de divórcio. As conclusões emanadas de índices que envolviam hostilidade relativamente a adultos, pesadelos, ansiedade, participação em gangs, desempenhos na matemática, na escrita e na leitura, notas escolares, saúde física e mental traduziram um panorama claramente desfavorável para as crianças oriundas de famílias monoparentais;

- De acordo com os mais recentes estudos longitudinais sobre os efeitos do divórcio na esperança de vida média das crianças, a relativa aos filhos de pais divorciados é, em média, consideravelmente inferior (76 anos) à esperança de vida média das crianças oriundas de famílias intactas (80 anos).


Muitos são os sintomas sociais relativos ao comportamento dos jovens que despertam preocupações na sociedade no seu todo. Os índices gerais são assustadores: suicídio entre adolescentes (que conheceu um crescimento de 134% entre 1962 e 1998); consumo de drogas ilícitas (em 1999, 54,7% dos jovens que frequentavam o 12.º ano já tinha experimentado drogas ilícitas, sendo a percentagem para os jovens que frequentavam o 8.º ano de 28,3%); incremento acentuado de diversas patologias psicológicas infantis (distúrbios alimentares, depressões, ansiedade, etc.).


(Família e Políticas Públicas, João Carlos espada, Eugénia Nobre Gambôa, José Tomaz Castello Branco, Editora Principia)

O Blog CresSer considera que o aumento das famílias monoparentais em Portugal requer uma reflexão. De seguida será apresentado um estudo realizado em Portugal sobre o perfil das famílias monoparentais em Portugal.

Famílias Monoparentais em Portugal

“Tendo em consideração os principais indicadores demográficos da última década, observamos um número cada vez maior de famílias com apenas um dos progenitores, o pai ou a mãe, que coabitam sós com os seus filhos” (Relvas e Alarcão;2002).
Logo, designam-se por monoparentais, as famílias onde a geração dos pais está apenas representada por um único elemento. (Alarcão;2002). Esta situação pode acontecer por vários motivos, ou porque um dos progenitores abandona o lar e o outro não volta a casar, ou porque a mãe solteira fica com o(s) filho (s), ou adopta uma criança.
Torna-se pertinente referir que as famílias monoparentais não constituem um grupo homogéneo, pois pode existir dentro destas uma enorme diversidade de situações.

Perfil das famílias monoparentais em Portugal

Tendo em conta um estudo efectuado pelas investigadoras Karin Wall e Cristina Lobo (1999) sobre as famílias monoparentais revela-se que a monoparentalidade é em Portugal, uma situação essencialmente vivido no feminino, podendo ser assim conceptualizada como uma dimensão da fragilidade social das famílias. Esta situação pode ser explicada por uma razão principal: após um nascimento fora do casamento (ou de união de facto) e depois da separação ou um divórcio, são quase sempre as mulheres que ficam com os filhos à sua guarda.

Existem três aspectos principais que traçam o perfil das famílias monoparentais em Portugal.


Um aspecto tem a ver com o contexto específico de mudança familiar com que nos estamos a deparar, pois tendo em conta a evolução dos indicadores demográficos, podemos aferir que a proporção de mães e pais sós, separados /divorciados tenderá a aumentar.

Outro aspecto mostra-nos que existe em Portugal três situações distintas de monoparentalidade: pais e mães sós, geralmente viúvos, que vivem com os filhos adultos, estando pouco inseridos no mercado de trabalho, em especial as mulheres e cuja fonte de rendimento familiar exclusiva é na maior parte das vezes uma pensão mensal da Segurança Social; mães solteiras com menos de 24 anos, a viverem sozinhas com seus filhos menores e com elevada participação no mercado de trabalho, e por fim; mães e pais divorciados a viverem com um ou dois filhos, possuindo um nível de instrução mais elevado e estando mais fortemente inseridos no mercado de trabalho.
Assim os problemas apresentados reflectem inteiramente a sociedade na qual vivemos.

Existe hoje uma consciência menos responsável e consciente da vida familiar, embora exista também uma maior fragilidade nas relações, consequência da “separação” familiar. Paralelamente, assiste-se a uma menor estigmatização. Martins diz-nos que “a monoparentalidade é em muitos casos sentida como um fracasso, provocando um processo de marginalização social que se reflecte num sentimento de inferioridade e de desvalorização pessoal sobretudo pela mulher que é, maioritariamente a responsável pela família monoparental”. Esta fragilidade emocional não é de forma alguma sentida apenas pela mulher. A figura paterna encontra-se quase sempre ausente nestas famílias, porque se demitiu das suas funções devido ao afastamento (voluntário, imposto pela mãe ou família materna).

No entanto, é importante salientar que a Família Monoparental não é necessariamente uma família de risco nem tão pouco oriundas desta, estão sujeitas a factores de risco. Tudo depende do modo como a ruptura é gerida pelos cônjuges e de outras problemáticas sociais associadas que aumentam o grau de vulnerabilidade destas famílias, nomeadamente a precariedade económica.


Para os leitores que quiserem aprofundar os seus conhecimentos sobre a Monoparentalidade associada à adopção poderão ler o artigo "Novas Familias – A Monoparentalidade e a adopção" em http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/TL0045.pdf.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pois é...



Não existem pais perfeitos...



" Todos os pais têm dúvidas e preocupações e todos se questionam sobre a forma como devem educar os filhos. Têm medo de não alcançar os objectivos que escolheram e de não controlar todos os factores que determinam o sucesso da missão de serem pais."
Eva Delgado-Martins
Psicóloga
Docente do ISPA, IU

"Não existem pais perfeitos" é o tema em análise na crónica semanal de Eva Delgado-Martins, na 981ª edição da revista Notícias Magazine (integrante do Jornal de Notícias), do passado dia 13 de Março.
Todos os pais procuram ser o melhor possível enquanto educadores, apesar do insuficiente apoio da sociedade. Aos pais é exigida, socialmente, a perfeição, mas que também eles projectam nos seus filhos a expectativa de estes se tornarem perfeitos.
"Como resposta, os pais procuram soluções, receitas..."
Alguns dos conselhos abordados pela autora no artigo são os de usar o bom senso, estar disponíveis a negociar (quando necessário) e serem coerentes na forma como abordam os assuntos.
A base de uma boa relação é o amor e como pais devem proteger os seus filhos, garantindo-lhes uma infância segura, saudável, feliz e nunca esquecendo da importância de lhes dar o seu espaço de modo a estes se tornarem adultos independentes e responsáveis.

adaptado de Não existem pais perfeitos de Eva Delgado-Martins
em Notícias Magazine
#981 de 13 de Março de 2011

versão integral do artigo poderá ser consultada (também) em http://www.jn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=1803770

Os escombros do tsunami no Japão

Foto: Reuters
Família caminha pelos escombros após o terramoto e tsunami na cidade de Minamisanriku.

in http://www.ibtimes.com/

segunda-feira, 14 de março de 2011

Little miss sunshine

"Uma família à beira de um ataque de nervos", de título original Little Miss Sunshine, é uma comédia dramática de 2006 realizada por Jonathan Dayton. Retrata, pela família Hoover, a imperfeição natural de uma família. O pai, Greg Kinnear, desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho, Paul Dano, fez voto de silêncio, o cunhado, Steve Carell, é um professor suicida, a mãe, Toni Collette, está sempre a tentar preservar a essência da família e o avô, Alan Arkin, foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha mais nova, Abigail Breslin, a desajeitada Olive, é convidada para participar num concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Para tal, durante três dias esta família deixa todas as suas diferenças de lado e atravessam o país na sua carrinha Volkswagen Combi amarela enferrujada. Acompanhada por uma excelente roteiro está uma magnifica banda sonora composta pela banda DeVotchka.


Porque hoje é segunda... é dia de Teoria!

"O conceito de vinculação, em psicologia, refere-se às procuras dirigidas a figuras específicas, ou seja, a relações afectivas específicas. Assim, vinculação é a tendência que os indivíduos têm para procurar a presença ou testar a proximidade de membros da mesma espécie. Este termo foi introduzido em psicologia por John Bowlby e traduzido da etologia.
Desenvolvida pelo psicólogo inglês John Bowlby, a teoria do vínculo afectivo, de longe a mais popular nos dias de hoje, entende o crescimento de uma criança como resultado da relação que ela mantém com os pais.
Desde as constatações pioneiras de Bowlby sobre o desenvolvimento da vinculação, tem-se consolidado a verificação de que o vínculo mãe-bebé emerge da interacção ajustada ao longo dos primeiros meses. Segundo Bowlby, a vinculação é uma necessidade primária e vital como a água, o sono e a comida. Um bebé que se sente protegido terá muito mais hipóteses de se tornar um adulto seguro de si e capaz de amar e de se sentir amado. Várias pesquisas revelam que as crianças seguras em relação aos seus pais choram menos e são mais persistentes na exploração do ambiente. Já as inseguras são mais submissas ou agressivas.
Além disso, a quantidade e a qualidade do contacto mãe-bebé nos primeiros dias depois do parto também parecem ser de especial importância.
Bowlby fez a avaliação do processo de formação dessas primeiras relações afectivas estabelecidas com o bebé. A vinculação inicia-se a partir das respostas dadas pelos adultos, que permitem estabelecer as interacções sociais.
Para manter a proximidade e cuidados dos outros seres humanos e especialmente da mãe (esta aproximação não é inata), o bebé desenvolve padrões específicos de proximidade, tais como chupar, agarrar, seguir com o olhar, chorar e sorrir.
O ser humano é aquele que está menos dotado para viver sozinho e, assim, essa imaturidade é o ponto de partida para a necessidade de envolvimento social com o meio externo. A função da primeira vinculação é a de sobrevivência, não física, mas como vivência e aquisição daquilo que é específico da espécie humana e isto só acontece através da relação interpessoal onde se cria e se constrói relações afectivas entre os seres humanos e através da qual se estabelece a capacidade de relação interpessoal.
Segundo Bowlby, estes cinco comportamentos são instintivos e exercem-se de uma forma reacctiva e reflexa. Mas são comportamentos que contribuem para a vinculação e têm a função específica de estabelecer relações sociais. Estes comportamentos compulsivos vão-se perdendo com a habituação, ou seja, nos primeiros meses dirigem-se a qualquer pessoa com um carácter instintivo para depois se dirigirem a pessoas significativas. Em princípio, a primeira relação humana afectiva recai sobre a figura materna, mas depende da relação mantida com o bebé, pois nem sempre é assim, pode ser outra pessoa que não a mãe biológica a criar a vinculação com o bebé.
Segundo Shaffer, algumas pessoas têm mais capacidade para rapidamente descodificarem e interpretarem os sinais emitidos pelo bebé, ao qual dão respostas adequadas e frequentes. Assim, o bebé poderá ter uma certa preferência por essa pessoa e estabelecer com ela uma vinculação. Esta interacção com o bebé terá de ter alguma frequência e ter respostas bem sucedidas para se poder falar em vinculação.
Há um desejo de manutenção, ou seja, é algo que ambos os intervenientes pretendem e desejam manter.
Ao longo do desenvolvimento vamos ter diferentes vinculações com funções especiais."
in vinculação. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-03-14].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$vinculacao>



Como aprofundamento e contextualização da importância das primeiras relações sugerimos a leitura  do artigo Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem teórica em situação de nascimento de risco de Evanisa Helena Maio de Brum e Lígia Schermann.


Inerente à nossa condição humana está a necessidade de estabelecermos laços, de nos relacionarmos afectivamente com o outro. Uma simbiose afectiva do "eu preciso de ti" e "tu precisas de mim". Uma conexão que se cria ainda com o bebé no ventre da sua mãe e que perdura até ser possível. Quem não procura o colo da mãe quando se sente desprotegido? Todos nós gostamos de colo... 
A mãe, que parece que cria umas antenas especiais de mãe ao mesmo tempo que fica grávida, direcciona a sua atenção, parecendo que está constantemente em estado de alerta, para o seu "eu"/"nosso" mais pequeno. Conforta-o, acarinha-o, cuida e conversa com ele dando-lhe toda a confiança que este precisa para se tornar num incansável explorador de tudo o que o rodeia.

Consequências do divórcio nas crianças

As modernas leis do divórcio procuram que nenhum dos cônjuges apareça como responsável pela ruptura.

Um divórcio civilizado é um divórcio sem culpados.

O que não se pode evitar, é que haja sempre inocentes que sofrem: os filhos.

As reacções das crianças

Para explicar as reacções dos filhos dos divorciados, alguns psiquiatras têm em conta tanto a sua experiência clínica como os estudos anteriormente publicados.

As crianças em idade pré-escolar são particularmente vulneráveis, uma vez que não podem entender situações complexas e ficam confusos perante o que acontece na família. Emocionalmente, a consciência desabrocha e tendem a culpar-se pela ruptura familiar (fui mau… se me tivesse portado bem, o pai não teria saído de casa”). As investigações feitas com crianças destas idades, mostram que se tornam irascíveis e muito mais dependentes dos seus pais.

Quanto às crianças já em idade escolar, têm reacções mais complexas e indirectas. Geralmente sentem-se sós e carenciados de ajuda, que pode manifestar-se em depressões, transtornos psicossomáticos, problemas no relacionamento com os colegas e dificuldades na própria escola. Num estudo sobre 387 filhos de divorciados que careceram de assistência psiquiátrica, Kalter constatou um alto índice de agressividade em crianças dos 7 aos 11 anos. Manifestam ainda, frequentemente, a ideia de fugir de casa com o fim de experimentar como seria a vida com outro pai e, possivelmente, com a esperança de voltar a unir a família.

O processo de desenvolvimento do adolescente para adquirir uma personalidade própria é também afectado pelo divórcio dos seus pais. Uma reacção frequente, defensiva, em filhos de 10-11 anos é a de aparentarem uma maturidade superior à que na realidade têm. O adolescente pseudo-maturo adopta uma atitude reservada e distante, com o controlo excessivo de si mesmo. A sua intenção é ocultar sentimentos de vergonha, neutralizar a ansiedade e sondar os limites da nova situação familiar, podendo ainda levá-lo a experimentar as drogas e o álcool. Outros estudos revelam entre os adolescentes uma certa precocidade no comportamento sexual, como meio de encontrarem uma companhia.

Desgosto e Hostilidade

Outras observações clínicas, apontam para que, depois do choque inicial e do esforço para não aceitar a separação, muitas crianças começam a atormentar-se. Um dos principais sintomas de muitas crianças, cujos pais se estão a separar, é simultaneamente de desgosto e hostilidade. Com frequência a agressividade parte do cônjuge com o qual vivem; por exemplo, a criança culpa a mãe por não ter sido capaz de manter unida a família e, por fim, tem dificuldades em aceitar um padrasto. Nas visitas periódicas ao pai, não se atreve a manifestar o seu desgosto, por ter receio de acabar com uma relação já de si insegura. Uma diminuição das visitas, aumenta as preocupações da criança. Dois meses depois de sentenciado o divórcio, menos de metade dos pais vêem os seus filhos uma vez por semana. Passados três anos, a metade referida já nem os visita.

O divórcio pode também afectar a capacidade da criança para se relacionar com outras pessoas. O seu sentimento de segurança depende tanto da unidade familiar que pode ficar destruído pelo processo de divórcio. Em consequência disto, os seus sentimentos de agressividade provocam problemas de relacionamento com companheiros e a sua falta de segurança torna-o mais cauteloso ao fazer novas amizades.

Conflitos familiares

O perigo de desequilíbrios psicológicos por causa do divórcio aumenta quando a criança tem predisposição para ser vulnerável por antecedentes familiares de depressão, pelas suas características temperamentais ou porque o processo de divórcio pode reavivar a recordação da perda de outro membro da família.

Normalmente o divórcio não significa ponto final no confronto, apenas o desvia para novas situações conflituosas: a custódia dos filhos, as visitas, a conciliação financeira.

Durante o processo do divórcio, as tensões familiares podem aumentar ainda mais porque os pais descobrem formas de se desacreditar mutuamente, porque os filhos tomam o partido de um ou de outro, ou porque outros parentes influenciam os assuntos familiares.

Crianças infelizes

O impacto do divórcio na criança depende também da estabilidade emocional do cônjuge que se ocupa da sua custódia. A relação tensa que resulta do processo de conciliação depois do divórcio, diminui a capacidade do pai ou mãe para cumprir a sua obrigação. Assim, na altura em que a criança precisa de especial apoio, pode acontecer que o pai ou a mãe se encontrem quase sempre incapacitados para atenderem essas necessidades afectivas. A criança sofre quando é utilizada como instrumento de negociação entre os pais, ou quando um pai deprimido tende a absorvê-la em busca de apoio e companhia.

In Cadernos Educação e Família, Ano II, nº 1
Retirado e adaptado do site http://www.familia.aaldeia.net/

10 REGRAS PARA CRIAR FILHOS… DELINQUENTES


 













Comecem cedo a dar ao vosso filho tudo o que ele quer. Assim ele convencer-se-á, quando crescer, de que o mundo tem obrigação de satisfazer todos os seus caprichos.

Se, enquanto pequeno, o vosso filho utilizar expressões grosseiras, achem-lhe graça. Isso fará com que ele se convença de que é espirituoso e levá-lo-á a refinar a sua linguagem ordinária.

Não lhe incutam princípios morais. Esperem pela sua maioridade, ele poderá assim fazer as suas escolhas morais.

Evitem recriminá-lo, para que ele não crie um complexo de culpa. Estes complexos, como toda a gente sabe, não deixam que as crianças desenvolvam a sua personalidade.

Façam sempre tudo aquilo que devia ser o vosso filho a fazer. Arrumem as suas coisas e apanhem o que ele deitar para o chão. Desta maneira se habituará a empurrar para os outros as suas responsabilidades.

Deixem que o vosso filho leia tudo o que lhe vá parar às mãos. Tenham o maior cuidado em esterilizar os talheres, os pratos e os copos, mas deixem que o seu espírito se alimente de imundices.

Discutam e zanguem-se em frente dele. Isso é muito útil para que ele se convença de que a família é uma instituição nociva e de que não deve qualquer respeito aos seus pais.

Dêem-lhe todo o dinheiro que ele quiser. Evitem que ele o ganhe com o seu trabalho ou através do seu comportamento. Tem tempo. Deixem-no ser feliz enquanto é jovem.

Satisfaçam todas as suas exigências ou caprichos, no que se refere a alimentação, vestuário e conforto, a fim de que o vosso filho não possa nunca sentir-se frustrado. As frustrações, como se sabe, não permitem que a personalidade se revele e torna as pessoas mais infelizes.

10ª Defendam sempre o vosso filho! Dos seus amigos, dos vizinhos, dos professores e até – principalmente – da polícia. É tudo gente desprezível que apenas pretende embirrar com ele…

(Adaptação de um panfleto da Polícia de Houston, Texas, distribuído há alguns anos a todos os habitantes da cidade)

Para reflectir...

A educação faz com que as pessoas sejam fáceis de guiar, mas dificeis de arrastar; fáceis de governar, mas impossivel de escravizar.
Henry Peter

quinta-feira, 10 de março de 2011

Os direitos dos pais


Muitas vezes se fala do direito das crianças, mas ao ler o livro "Más maneiras de sermos bons pais" de Eduardo Sá, que a minha mãe tinha na sua mesinha de cabeceira (que mais parece uma estante), apercebi-me que algumas páginas eram dedicadas aos direitos dos pais. A minha primeira reacção foi de surpresa, nunca me tinha lembrado de que os pais também têm direitos e não apenas deveres, talvez por ocupar ainda só o cargo de filha e não de mãe. Por achar pertinente, e aproveitando para divulgar o livro a todos os que são pais e filhos, transcrevo, resumidamente os 7 direitos dos pais por Eduardo Sá.

"1. Os pais têm o direito de viver em democracia. (...) Sendo assim, as crianças estão proibidas de imaginar que os pais mudam as leis de uma vez e num só dia (...).
2. Os pais estão autorizados a exigir a boa educação que fazem questão de ter com os seus filhos. E estão autorizados a não esperar que os miúdos lhes digam "obrigado", "bom dia" e outras coisas do género, sempre que ficam fora de jogo nos bons exemplos.
3. Os pais estão autorizados a repartir o trabalho de casa por todos. (...)
4. Os pais estão proibidos de contar histórias sempre que isso lhes dê... seca. E de ir a reboque das suas crianças. Pais que transformam a bondade em trabalhos para casa deviam ser rapidamente reciclados. Em consolas, por exemplo.
5. Os pais não têm de pedir por favor quando se trata de jantarem a dois ou de quererem um fim-de-semana só para eles. (...)
6. Os pais estão proibidos de transformar as crianças nos seus confidentes favoritos. Sobretudo quando se trata da mãe a queixar-se do pai ou vice-versa.
7. Os pais têm direito ao fim-de-semana. E se as crianças adoram o desporto e as festas dos amigos, eles têm o direito a brincadeiras esquisitas, como bricolage e jardinagem, como têm o direito à preguiça."

Aos melhores do mundo...

" É costume, à noite, todas as mães, depois de os filhos estarem a dormir, inspeccionarem os seus espíritos e porem as coisas no seu lugar para a manhã seguinte, colocando nos lugares próprios muitas das coisas que andaram desarrumadas durante o dia. Se pudessem ficar acordados (mas claro que não podem), veriam a vossa mãe a fazer isso e achariam muita graça observá-la, é muito parecido com arrumar gavetas. Vê-la-iam de joelhos, alegremente, espero, de volta de algumas das vossas alegrias, pensando onde teriam ido descobrir aquilo, fazendo descobertas muito agradáveis e outras menos, apertando isto contra o rosto como se fosse um gatinho e afastando apressadamente outra coisa. Quando acordam de manhã, a maldade e as paixões ruins com que se deitariam foram dobradas e guardadas no fundo da vossa mente e, por cima, lindamente arejados, estão estendidos os vossos pensamentos mais bonitos, prontos para serem usados." 
J.M. Barrie in Peter Pan
 Por todas as vezes que...
... preferíamos comer bolachas em vez de sopa,
... preferíamos dormir de dia e brincar à noite,
... preferíamos ver desenhos animados em vez de fazer os deveres da escola,
... preferíamos calçar os ténis velhos em vez dos sapatos domingueiros,
... e os nossos pais não deixavam.

Por todas as vezes que...
... nos doía a garganta e nos aconchegavam com mantas quentes e um chá com mel,
... nos davam um beijo na testa e nos contavam uma história,
... nos davam o "peitinho" do frango, porque o melhor é sempre para os meninos,
... nos diziam para estar à meia noite em casa, mas faziam de conta que não nos ouviam a chegar às 2h da manhã...

... escolhemos o tema a "família enquanto espaço de crescimento", porque os nossos pais foram e são os melhores do mundo!

quarta-feira, 2 de março de 2011

O início...

   A criação do blogue CresSER surgiu no âmbito da unidade curricular "Psicologia do Desenvolvimento" do 2º ano da Licenciatura em Psicologia da Universidade de Aveiro. Esta Unidade Curricular pretende que os alunos desenvolvam conhecimento e compreensão dos principais problemas, abordagens teóricas, conceitos e componentes do desenvolvimento humano. Para isso foi criado este blogue temático a fim de privilegiar a investigação e a partilha de saberes e experiências. Assim, convidamos a todos os leitores que se sintam motivados a comentar, sugerir temas, partilhar experiências e expôr dúvidas pois a sua colaboração merecerá a nossa atenção.
  O nosso grupo de trabalho - Ânia Ferreira, Joana Silva, Mariana Lopes, Raquel Reis e Paula Cardoso - "alimentará" este blogue até o dia 7 de Junho, abordando a temática do crescimento do indivíduo no contexto familiar.