terça-feira, 5 de abril de 2011

Porque hoje é segunda...é dia de Teoria!

O Desenvolvimento Humano segundo a teoria de Piaget

Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de Agosto de 1896 – Genebra, 16 de Setembro de 1980) – psicólogo e epistomólogo suíço considerado o teórico que mais profundamente estudou o desenvolvimento humano. Impulsionador da Teoria Cognitiva (propõe a existência de 4 estádios do desenvolvimento cognitivo no ser humano). 

O estudo do desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da Psicologia cujas proposições nucleares concentram-se no esforço de compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade. Tal esforço, conforme mostra a  linha evolutiva da Psicologia, tem culminado na elaboração de várias teorias que procuram reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vista, as condições de produção da representação do mundo e das suas vinculações em cada momento histórico da sociedade.

Educadores de todos os níveis têm sido sensibilizados para o uso da teoria piagetiana como recurso para se conhecer e promover o desenvolvimento máximo das potencialidades dos indivíduos.

Piaget no seu famoso livro " To Understand is to Invent" ( Compreender é inventar ), sugere que reflectir e observar são as duas actividades mais importantes que todo o educador pode desenvolver com as crianças e adolescentes.
A partir dos seus estudos, concluiu que, ao longo do processo de desenvolvimento, as pessoas apresentam estruturas cognitivas qualitativamente diferentes. Cada uma dessas estruturas representa um estágio de desenvolvimento psicológico que, apesar das características que lhe são peculiares, apresenta alguns traços do estágio que o precedeu e prepara o indivíduo para o estágio seguinte.

Propôs, assim, 4 estágios do desenvolvimento humano:

- Sensório-motor (Dos 0 aos 18-24 meses): durante este estágio desenvolve-se o conhecimento prático, que constitui a subestrutura do conhecimento representativo posterior. Um exemplo é a construção do esquema do objecto permanente. Para um bebé, durante os primeiros meses, um objecto não tem permanência. Quando ele desaparece do campo perceptivo, deixa de existir. Mais tarde, o bebé vai tentar procurá-lo e encontrá-lo-á tendo em conta a sua noção de localização espacial – surge a intencionalidade (age com o objectivo de chegar a um fim). Desenvolve a noção da existência de objectos e de espaço.

- Pré-operatório (Dos 2 aos 7 anos): as acções são interiorizadas e passam a constituir operações. Para Piaget, o que marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica, da linguagem e do pensamento. A linguagem é considerada como uma condição necessária mas não suficiente para o desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da acção cognitiva que não é dada pela linguagem. Isto é, as acções sensório-motoras não são imediatamente transformadas em operações. Ainda não há conservação, que é o critério psicológico da presença de operações (Por exemplo: se pusermos o líquido de um copo em outro de formato diferente, a criança vai pensar que existe mais líquido num do que no outro). Ainda não adquiriu a capacidade de reversibilidade, isto é, “a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efectuada sobre os objectos (…)”.

- Período das operações concretas (Dos 7 aos 12 anos): Surge na criança a capacidade de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) e de integrá-los de modo lógico e coerente. Aparecimento da capacidade de interiorizar as acções, ou seja, começa a realizar operações mentalmente (Por exemplo: se lhe perguntarmos qual é a vara maior, ela é capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a acção mental, sem precisar de medi-las usando a acção física). Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as acções executadas mentalmente se referem a objectos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta.

- Período das operações formais (Dos 12 em diante): Nesta fase, aplicando as capacidades conquistadas nas fases anteriores, a criança já consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que é capaz de formar esquemas conceituais abstractos e através deles executar operações mentais dentro dos princípios da lógica formal. A criança adquire a “capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta (…)”. Segundo Piaget, o individuo ao atingir esta fase, adquire a sua forma final de equilíbrio, ou seja, consegue alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta (o que não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções cognitivas). 

A compreensão do desenvolvimento humano equivale à compreensão de como se dá o processo de constituição do pensamento lógico-formal. Tal processo, que é explicado segundo o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objecto a conhecer, envolve mecanismos complexos que englobam aspectos que se entrelaçam e se complementam, tais como: o processo de maturação do organismo, a experiência com objectos, a vivência social e, sobretudo, o equilíbrio do organismo com o meio. As ideias de Piaget representam um salto qualitativo na compreensão do desenvolvimento humano, na medida em que é evidenciada uma tentativa de integração  entre o sujeito e o mundo que o circunda.