No seguimento do artigo anterior o blog CresSER considera importante conhecer as consequencias nos comportamentos das crianças e jovens oriundas de familias monoparentais.
O artigo seguinte poderá suscitar nas familias monoparentais algumas preocupações. De referir que "cada familia é uma familia" e que conhecer os factos dá-nos ferramentas para minimizar as suas consequencias. Uma boa leitura...
Estudos em crianças oriundas de famílias monoparentais e biparentais
As características familiares são relevantes na análise de toda uma série de comportamentos por parte das crianças e dos jovens. Estudos de grande amplitude levados a cabo após o ajustamento de variáveis como o sexo, a educação do progenitor, a residência e os rendimentos revelam que as diferenças na estrutura familiar comportam riscos diferenciais entre crianças oriundas de famílias biparentais e crianças oriundas de famílias monoparentais.
- Ao atingirem a idade adulta, as crianças que cresceram em famílias monoparentais têm uma probabilidade três vezes maior do que as crianças oriundas de famílias intactas de vir a ter filhos fora do casamento, para além de uma probabilidade 2,5 vezes superior, nas raparigas, de virem a ser mães adolescentes;
- As probabilidades de uma jovem vir a ser mãe adolescente são de 37% para jovens oriundas de famílias monoparentais matriarcais nas quais a mãe seja solteira, 33% para jovens oriundas de famílias divorciadas, 21% para órfãs de pai; e 11% para as jovens oriundas de famílias intactas;
- A ausência de pai expõe a criança a um elevado risco de vir a ter um desenvolvimento social desequilibrado, o que pode afectar, num primeiro momento, os seus resultados escolares e, em última análise, as suas hipóteses de mobilidade social. De igual forma, a proveniência de uma família monoparental traduz um risco acrescido para a criança também ao nível da saúde;
- Um estudo do National Center for Health Statistics concluiu que os jovens oriundos de famílias monoparentais e famílias adoptivas (stepfamilies) têm uma probabilidade duas a três vezes maior do que as crianças de famílias biparentais intactas de virem a sofrer de distúrbios emocionais ou comportamentais;
- Um estudo da Universidade Estadual de Kent, no Ohio, sobre o impacto do divórcio nas crianças comparou os desempenhos de crianças de famílias biparentais e crianças de famílias monoparentais resultantes de divórcio. As conclusões emanadas de índices que envolviam hostilidade relativamente a adultos, pesadelos, ansiedade, participação em gangs, desempenhos na matemática, na escrita e na leitura, notas escolares, saúde física e mental traduziram um panorama claramente desfavorável para as crianças oriundas de famílias monoparentais;
- De acordo com os mais recentes estudos longitudinais sobre os efeitos do divórcio na esperança de vida média das crianças, a relativa aos filhos de pais divorciados é, em média, consideravelmente inferior (76 anos) à esperança de vida média das crianças oriundas de famílias intactas (80 anos).
Muitos são os sintomas sociais relativos ao comportamento dos jovens que despertam preocupações na sociedade no seu todo. Os índices gerais são assustadores: suicídio entre adolescentes (que conheceu um crescimento de 134% entre 1962 e 1998); consumo de drogas ilícitas (em 1999, 54,7% dos jovens que frequentavam o 12.º ano já tinha experimentado drogas ilícitas, sendo a percentagem para os jovens que frequentavam o 8.º ano de 28,3%); incremento acentuado de diversas patologias psicológicas infantis (distúrbios alimentares, depressões, ansiedade, etc.).
(Família e Políticas Públicas, João Carlos espada, Eugénia Nobre Gambôa, José Tomaz Castello Branco, Editora Principia)