segunda-feira, 14 de março de 2011

Porque hoje é segunda... é dia de Teoria!

"O conceito de vinculação, em psicologia, refere-se às procuras dirigidas a figuras específicas, ou seja, a relações afectivas específicas. Assim, vinculação é a tendência que os indivíduos têm para procurar a presença ou testar a proximidade de membros da mesma espécie. Este termo foi introduzido em psicologia por John Bowlby e traduzido da etologia.
Desenvolvida pelo psicólogo inglês John Bowlby, a teoria do vínculo afectivo, de longe a mais popular nos dias de hoje, entende o crescimento de uma criança como resultado da relação que ela mantém com os pais.
Desde as constatações pioneiras de Bowlby sobre o desenvolvimento da vinculação, tem-se consolidado a verificação de que o vínculo mãe-bebé emerge da interacção ajustada ao longo dos primeiros meses. Segundo Bowlby, a vinculação é uma necessidade primária e vital como a água, o sono e a comida. Um bebé que se sente protegido terá muito mais hipóteses de se tornar um adulto seguro de si e capaz de amar e de se sentir amado. Várias pesquisas revelam que as crianças seguras em relação aos seus pais choram menos e são mais persistentes na exploração do ambiente. Já as inseguras são mais submissas ou agressivas.
Além disso, a quantidade e a qualidade do contacto mãe-bebé nos primeiros dias depois do parto também parecem ser de especial importância.
Bowlby fez a avaliação do processo de formação dessas primeiras relações afectivas estabelecidas com o bebé. A vinculação inicia-se a partir das respostas dadas pelos adultos, que permitem estabelecer as interacções sociais.
Para manter a proximidade e cuidados dos outros seres humanos e especialmente da mãe (esta aproximação não é inata), o bebé desenvolve padrões específicos de proximidade, tais como chupar, agarrar, seguir com o olhar, chorar e sorrir.
O ser humano é aquele que está menos dotado para viver sozinho e, assim, essa imaturidade é o ponto de partida para a necessidade de envolvimento social com o meio externo. A função da primeira vinculação é a de sobrevivência, não física, mas como vivência e aquisição daquilo que é específico da espécie humana e isto só acontece através da relação interpessoal onde se cria e se constrói relações afectivas entre os seres humanos e através da qual se estabelece a capacidade de relação interpessoal.
Segundo Bowlby, estes cinco comportamentos são instintivos e exercem-se de uma forma reacctiva e reflexa. Mas são comportamentos que contribuem para a vinculação e têm a função específica de estabelecer relações sociais. Estes comportamentos compulsivos vão-se perdendo com a habituação, ou seja, nos primeiros meses dirigem-se a qualquer pessoa com um carácter instintivo para depois se dirigirem a pessoas significativas. Em princípio, a primeira relação humana afectiva recai sobre a figura materna, mas depende da relação mantida com o bebé, pois nem sempre é assim, pode ser outra pessoa que não a mãe biológica a criar a vinculação com o bebé.
Segundo Shaffer, algumas pessoas têm mais capacidade para rapidamente descodificarem e interpretarem os sinais emitidos pelo bebé, ao qual dão respostas adequadas e frequentes. Assim, o bebé poderá ter uma certa preferência por essa pessoa e estabelecer com ela uma vinculação. Esta interacção com o bebé terá de ter alguma frequência e ter respostas bem sucedidas para se poder falar em vinculação.
Há um desejo de manutenção, ou seja, é algo que ambos os intervenientes pretendem e desejam manter.
Ao longo do desenvolvimento vamos ter diferentes vinculações com funções especiais."
in vinculação. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-03-14].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$vinculacao>



Como aprofundamento e contextualização da importância das primeiras relações sugerimos a leitura  do artigo Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem teórica em situação de nascimento de risco de Evanisa Helena Maio de Brum e Lígia Schermann.


Inerente à nossa condição humana está a necessidade de estabelecermos laços, de nos relacionarmos afectivamente com o outro. Uma simbiose afectiva do "eu preciso de ti" e "tu precisas de mim". Uma conexão que se cria ainda com o bebé no ventre da sua mãe e que perdura até ser possível. Quem não procura o colo da mãe quando se sente desprotegido? Todos nós gostamos de colo... 
A mãe, que parece que cria umas antenas especiais de mãe ao mesmo tempo que fica grávida, direcciona a sua atenção, parecendo que está constantemente em estado de alerta, para o seu "eu"/"nosso" mais pequeno. Conforta-o, acarinha-o, cuida e conversa com ele dando-lhe toda a confiança que este precisa para se tornar num incansável explorador de tudo o que o rodeia.