domingo, 20 de março de 2011


O Blog CresSer considera que o aumento das famílias monoparentais em Portugal requer uma reflexão. De seguida será apresentado um estudo realizado em Portugal sobre o perfil das famílias monoparentais em Portugal.

Famílias Monoparentais em Portugal

“Tendo em consideração os principais indicadores demográficos da última década, observamos um número cada vez maior de famílias com apenas um dos progenitores, o pai ou a mãe, que coabitam sós com os seus filhos” (Relvas e Alarcão;2002).
Logo, designam-se por monoparentais, as famílias onde a geração dos pais está apenas representada por um único elemento. (Alarcão;2002). Esta situação pode acontecer por vários motivos, ou porque um dos progenitores abandona o lar e o outro não volta a casar, ou porque a mãe solteira fica com o(s) filho (s), ou adopta uma criança.
Torna-se pertinente referir que as famílias monoparentais não constituem um grupo homogéneo, pois pode existir dentro destas uma enorme diversidade de situações.

Perfil das famílias monoparentais em Portugal

Tendo em conta um estudo efectuado pelas investigadoras Karin Wall e Cristina Lobo (1999) sobre as famílias monoparentais revela-se que a monoparentalidade é em Portugal, uma situação essencialmente vivido no feminino, podendo ser assim conceptualizada como uma dimensão da fragilidade social das famílias. Esta situação pode ser explicada por uma razão principal: após um nascimento fora do casamento (ou de união de facto) e depois da separação ou um divórcio, são quase sempre as mulheres que ficam com os filhos à sua guarda.

Existem três aspectos principais que traçam o perfil das famílias monoparentais em Portugal.


Um aspecto tem a ver com o contexto específico de mudança familiar com que nos estamos a deparar, pois tendo em conta a evolução dos indicadores demográficos, podemos aferir que a proporção de mães e pais sós, separados /divorciados tenderá a aumentar.

Outro aspecto mostra-nos que existe em Portugal três situações distintas de monoparentalidade: pais e mães sós, geralmente viúvos, que vivem com os filhos adultos, estando pouco inseridos no mercado de trabalho, em especial as mulheres e cuja fonte de rendimento familiar exclusiva é na maior parte das vezes uma pensão mensal da Segurança Social; mães solteiras com menos de 24 anos, a viverem sozinhas com seus filhos menores e com elevada participação no mercado de trabalho, e por fim; mães e pais divorciados a viverem com um ou dois filhos, possuindo um nível de instrução mais elevado e estando mais fortemente inseridos no mercado de trabalho.
Assim os problemas apresentados reflectem inteiramente a sociedade na qual vivemos.

Existe hoje uma consciência menos responsável e consciente da vida familiar, embora exista também uma maior fragilidade nas relações, consequência da “separação” familiar. Paralelamente, assiste-se a uma menor estigmatização. Martins diz-nos que “a monoparentalidade é em muitos casos sentida como um fracasso, provocando um processo de marginalização social que se reflecte num sentimento de inferioridade e de desvalorização pessoal sobretudo pela mulher que é, maioritariamente a responsável pela família monoparental”. Esta fragilidade emocional não é de forma alguma sentida apenas pela mulher. A figura paterna encontra-se quase sempre ausente nestas famílias, porque se demitiu das suas funções devido ao afastamento (voluntário, imposto pela mãe ou família materna).

No entanto, é importante salientar que a Família Monoparental não é necessariamente uma família de risco nem tão pouco oriundas desta, estão sujeitas a factores de risco. Tudo depende do modo como a ruptura é gerida pelos cônjuges e de outras problemáticas sociais associadas que aumentam o grau de vulnerabilidade destas famílias, nomeadamente a precariedade económica.


Para os leitores que quiserem aprofundar os seus conhecimentos sobre a Monoparentalidade associada à adopção poderão ler o artigo "Novas Familias – A Monoparentalidade e a adopção" em http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/TL0045.pdf.