Em Juno, o contexto familiar da adolescente que dá nome ao filme é o de esta pertencer a uma família separada pelo divórcio dos pais, que para além da existência da ruptura conjugal existe ainda uma ruptura parental. A mãe é uma mãe ausente na sua vida e o pai nunca estabeleceu com ela uma vinculação suficientemente forte para existir abertura, diálogo e convivência entre estes.
O tema: divórcio, nas últimas décadas, tem tido um crescente interesse em ser estudado e reflectido devido ao acentuado aumento de casos em todo o mundo. Como conjugação deste ser um tema abordado no filme e do facto de o blogue cresSER ter como função a divulgação de assuntos de relevância para o desenvolvimento da criança no contexto familiar, achamos pertinente divulgar um artigo: “Adolescência e Divórcio Parental: continuidades e rupturas dos relacionamentos”, publicado a 7 de Maio de 2010, de Soraya Hack e Vera Ramires, ambas Psicólogas. O objectivo do artigo é apresentar uma revisão da literatura que aborda os relacionamentos pais-filhos no contexto das transições familiares relacionadas à separação e/ou divórcio parental, focando as reacções, as experiências, as concepções, os sentimentos dos filhos, especialmente dos adolescentes.
Nas últimas décadas, assistimos a uma mudança no cenário sociocultural, provocada, entre outros factores, pelas alterações na estrutura familiar. O divórcio trouxe um leque de novas configurações e organizações familiares. A separação dos pais muitas vezes implica descontinuidades, rupturas no relacionamento parental, gerando sentimentos de perda e desamparo.
Os efeitos do divórcio não são necessariamente adversos (Hetherington & Kelly, 2002; Hetherington & Stanley-Hagan, 1999). Muitos filhos que se movem de uma situação familiar conflituosa para uma situação mais harmónica mostram uma diminuição de problemas após a separação de seus pais (Kelly & Emery, 2003).
A literatura científica tem explorado e descrito numerosos factores que contribuem para as vicissitudes do pós-divórcio: o tempo de separação, as características da personalidade das crianças e adolescentes, a sua idade na ocasião da separação, o género, o nível de conflito entre os pais e a qualidade da parentalidade.
O problema instala-se quando os pais, além de considerarem os cônjuges como “ex”, passam a enquadrar suas crianças na categoria de “ex-filhos” (Dantas et al., 2004).
A capacidade dos filhos em lidar com a separação dos pais vai depender sobretudo da relação estabelecida entre os pais e da capacidade destes de distinguir a função conjugal da função parental (Féres-Carneiro, 1998).
Segundo a revisão de Cohen (2002), no divórcio parental o adolescente pode desenvolver uma autonomia prematura, com desidealização de cada pai. Também sentimentos de raiva e confusão podem levar a problemas de relacionamento, uso de substâncias, decréscimo do desempenho escolar, conduta sexual inadequada, depressão, agressividade e comportamento delinquente. Problemas académicos e dificuldades de relacionamento também apareceram na revisão de Kelly e Emery (2003). O estudo de corte realizado por Harland et al. (2002) detectou um índice maior de problemas comportamentais entre 12 e 16 anos nos filhos provenientes de famílias com pais divorciados.
De acordo com Kelly e Emery (2003), o adolescente do sexo masculino tem mais riscos de apresentar problemas de ajustamento e problemas académicos. No entanto, as adolescentes estão inclinadas a engravidar mais cedo.
As pesquisas, independentemente da variável em foco ou da metodologia utilizada, sugerem que o divórcio parental passa a ser um factor de risco para os filhos, caso se tenha consolidado um afastamento entre eles e as figuras parentais. A sensação de abandono e desamparo cria uma situação de vulnerabilidade, propiciando o aparecimento ou a potencialização de desajustes.
Nas últimas décadas, assistimos a uma mudança no cenário sociocultural, provocada, entre outros factores, pelas alterações na estrutura familiar. O divórcio trouxe um leque de novas configurações e organizações familiares. A separação dos pais muitas vezes implica descontinuidades, rupturas no relacionamento parental, gerando sentimentos de perda e desamparo.
Os efeitos do divórcio não são necessariamente adversos (Hetherington & Kelly, 2002; Hetherington & Stanley-Hagan, 1999). Muitos filhos que se movem de uma situação familiar conflituosa para uma situação mais harmónica mostram uma diminuição de problemas após a separação de seus pais (Kelly & Emery, 2003).
A literatura científica tem explorado e descrito numerosos factores que contribuem para as vicissitudes do pós-divórcio: o tempo de separação, as características da personalidade das crianças e adolescentes, a sua idade na ocasião da separação, o género, o nível de conflito entre os pais e a qualidade da parentalidade.
O problema instala-se quando os pais, além de considerarem os cônjuges como “ex”, passam a enquadrar suas crianças na categoria de “ex-filhos” (Dantas et al., 2004).
A capacidade dos filhos em lidar com a separação dos pais vai depender sobretudo da relação estabelecida entre os pais e da capacidade destes de distinguir a função conjugal da função parental (Féres-Carneiro, 1998).
Segundo a revisão de Cohen (2002), no divórcio parental o adolescente pode desenvolver uma autonomia prematura, com desidealização de cada pai. Também sentimentos de raiva e confusão podem levar a problemas de relacionamento, uso de substâncias, decréscimo do desempenho escolar, conduta sexual inadequada, depressão, agressividade e comportamento delinquente. Problemas académicos e dificuldades de relacionamento também apareceram na revisão de Kelly e Emery (2003). O estudo de corte realizado por Harland et al. (2002) detectou um índice maior de problemas comportamentais entre 12 e 16 anos nos filhos provenientes de famílias com pais divorciados.
De acordo com Kelly e Emery (2003), o adolescente do sexo masculino tem mais riscos de apresentar problemas de ajustamento e problemas académicos. No entanto, as adolescentes estão inclinadas a engravidar mais cedo.
As pesquisas, independentemente da variável em foco ou da metodologia utilizada, sugerem que o divórcio parental passa a ser um factor de risco para os filhos, caso se tenha consolidado um afastamento entre eles e as figuras parentais. A sensação de abandono e desamparo cria uma situação de vulnerabilidade, propiciando o aparecimento ou a potencialização de desajustes.
adaptado e baseado do artigo "Adolescência e Divórcio Parental: continuidades dos relacionamentos." de Soraya Maria Pandolfi Koch Hack e Vera Regina Rohnelt Ramires. Toda a bibliografia utilizada é referenciada no artigo.
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