Na semana em que a França proibiu a cara coberta às muçulmanas, a revista Notícias Magazine de 17 de Abril de 2011, apresentou alguns casos de mulheres que desistiram da sua carreira profissional para se dedicarem exclusivamente a cuidar dos seus filhos. "Mães a tempo inteiro sorridentes, sem problemas de consciência, modernas, leitoras de Virginia Wolf e fazedoras de blogues divertidos, em pausas descomplexadas nas suas carreiras e às quais pretendem voltar em breve."
Muitos podem pensar: "Estas mulheres ficaram em casa porque podiam."
As próprias assumem a veracidade desse facto e consideram-se mulheres privilegiadas, bem casadas, sem necessidade de ajudar no sustento da sua família.
Carla Rodrigues (36 anos), Paula Almeida (35 anos), Rita Pinto (34 anos), Carla Fonseca (37 anos), Ana Rute Cavaco (34 anos), Raquel Silva (31 anos) e Filipa Teves (36 anos) são as vozes que dão corpo a esta reportagem. "Eram directoras de publicidade, jornalistas, advogadas, gestoras de marketing ou chefes de departamento numa multinacional. Não foram educadas para serem donas de casa, deram prioridade à escola e ao trabalho. Mas depois chegaram os filhos e elas decidiram ser mère au foyer (mãe que fica em casa). Dizem que não é um retrocesso nas conquistas femininas - estas mulheres puderam optar e acham que isso faz diferença."
Maria do Pilar González, especialista em Economia do Trabalho da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, alerta para o facto de estas decisões serem mesmo uma escolha ou serem um condicionamento pelo mercado de trabalho. Esta refere que os homens são, na sua maioria, mais bem remunerados e possuem empregos mais estáveis e que por isso, quando existe a necessidade de escolher quem abdica da carreira, a mulher acaba por ser quem toma essa opção.
"Apesar das dificuldades, ficar em casa com os filhos não parece ser uma tendência crescente. Em 2010, o INE só contabilizava 493 domésticas (pessoas que "não tendo um emprego, nem estando desempregadas, se ocupam das tarefas domésticas no seu próprio lar"). (...) O Ministério do Trabalho e Segurança Social não tem dados que ajudem a retratar esta realidade, mas a socióloga Isabel Dias, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, lembra que "as portuguesas estão fortemente inseridas no mercado de trabalho" e não há perspectivas de mudança. "Interromper a carreira é mais frequente para as mulheres com três ou mais filhos, porque o recurso a serviços de guarda fica mais caro", sustenta."
Num país onde os empregos a tempo parcial têm pouca expressão (na ordem dos 16%, de acordo com Karin Wall, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), parece difícil encontrar equilíbrios.
As próprias assumem a veracidade desse facto e consideram-se mulheres privilegiadas, bem casadas, sem necessidade de ajudar no sustento da sua família.
Carla Rodrigues (36 anos), Paula Almeida (35 anos), Rita Pinto (34 anos), Carla Fonseca (37 anos), Ana Rute Cavaco (34 anos), Raquel Silva (31 anos) e Filipa Teves (36 anos) são as vozes que dão corpo a esta reportagem. "Eram directoras de publicidade, jornalistas, advogadas, gestoras de marketing ou chefes de departamento numa multinacional. Não foram educadas para serem donas de casa, deram prioridade à escola e ao trabalho. Mas depois chegaram os filhos e elas decidiram ser mère au foyer (mãe que fica em casa). Dizem que não é um retrocesso nas conquistas femininas - estas mulheres puderam optar e acham que isso faz diferença."
Maria do Pilar González, especialista em Economia do Trabalho da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, alerta para o facto de estas decisões serem mesmo uma escolha ou serem um condicionamento pelo mercado de trabalho. Esta refere que os homens são, na sua maioria, mais bem remunerados e possuem empregos mais estáveis e que por isso, quando existe a necessidade de escolher quem abdica da carreira, a mulher acaba por ser quem toma essa opção.
"Apesar das dificuldades, ficar em casa com os filhos não parece ser uma tendência crescente. Em 2010, o INE só contabilizava 493 domésticas (pessoas que "não tendo um emprego, nem estando desempregadas, se ocupam das tarefas domésticas no seu próprio lar"). (...) O Ministério do Trabalho e Segurança Social não tem dados que ajudem a retratar esta realidade, mas a socióloga Isabel Dias, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, lembra que "as portuguesas estão fortemente inseridas no mercado de trabalho" e não há perspectivas de mudança. "Interromper a carreira é mais frequente para as mulheres com três ou mais filhos, porque o recurso a serviços de guarda fica mais caro", sustenta."
Num país onde os empregos a tempo parcial têm pouca expressão (na ordem dos 16%, de acordo com Karin Wall, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), parece difícil encontrar equilíbrios.
adaptado de reportagem "Profissão: Mãe", texto de Ana Cristina Gomes na revista Notícias Magazine #986 de 17 de Abril de 2011, integrada no Jornal de Notícias nº 320/123
Imagem de Pablo Picasso
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