Teorias de ensino e aprendizagem na escolha de uma escola para o seu filho
Uma das preocupações familiares é a aprendizagem dos filhos e um bom ensino escolar. Sabendo as principais correntes de pensamento na educação, você, mãe e pai, pode optar pela escola que melhor se adapta ao seu filho e o que deseja para ele. Ter uma noção do que cada corrente defende e o tipo de resultado que pretende atingir pode ajudar na hora de escolher uma escola. Com informações sobre as principais teorias de ensino e aprendizagem, também pode interpretar melhor o que um director ou orientador diz e terá mais elementos para avaliar o colégio. Mas é preciso cuidado. "As teorias de ensino e aprendizagem são abstracções. Mas a prática não é uma simples reprodução de teorias", diz a linguista Fernanda Liberali, professora no Programa de Pós-Graduação da PUC/SP e consultora de várias escolas. Sendo assim as principais correntes são:
Uma das preocupações familiares é a aprendizagem dos filhos e um bom ensino escolar. Sabendo as principais correntes de pensamento na educação, você, mãe e pai, pode optar pela escola que melhor se adapta ao seu filho e o que deseja para ele. Ter uma noção do que cada corrente defende e o tipo de resultado que pretende atingir pode ajudar na hora de escolher uma escola. Com informações sobre as principais teorias de ensino e aprendizagem, também pode interpretar melhor o que um director ou orientador diz e terá mais elementos para avaliar o colégio. Mas é preciso cuidado. "As teorias de ensino e aprendizagem são abstracções. Mas a prática não é uma simples reprodução de teorias", diz a linguista Fernanda Liberali, professora no Programa de Pós-Graduação da PUC/SP e consultora de várias escolas. Sendo assim as principais correntes são:
1. Comportamentalismo – o professor planeia, estimula e passa o conhecimento aos alunos. O foco é a transmissão dos conteúdos.
Quem foi o pai da idéia: o psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990).
O que diz: é possível modelar o indivíduo, condicionando os seus comportamentos. Para isso, devem-se utilizar os estímulos e reforços adequados. Segundo Skinner, todo o comportamento é determinado pelo ambiente, mesmo que a relação do indivíduo com esse ambiente não seja passiva, e sim de interacção. Ou seja, um professor pode definir que resultado pretende alcançar com os seus alunos e oferecer-lhes os estímulos e recompensas adequados à medida que os alunos avançam.
Onde está o foco: nos conteúdos a serem transmitidos e no professor em si.
Qual é o papel do professor: o professor, ou até o livro didáctico, em alguns casos, é a autoridade máxima, detentora do conhecimento. O aluno é o aprendiz que deve absorver esse conhecimento quanto mais, melhor
Como se aprende: por memorização e repetição.
Como se introduz um novo conceito: o professor faz um planeamento e apresenta os conceitos do género: “Hoje vamos falar sobre…”.
Quais são os reflexos na sala de aula: as aulas, em geral, são expositivas, com o professor a falar e a turma, de preferência, quieta. Erros são corrigidos imediatamente e recorre-se à repetição.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: pessoas com vasto saber enciclopédico. Indivíduos focados no trabalho, que correspondem às demandas e se ajustam bem aos ambientes.
2. Construtivismo - a criança constrói o conhecimento por meio de descobertas. Valoriza-se o conhecimento prévio do aluno.
Quem foi o pai da idéia: o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980).
O que diz: segundo Piaget, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Assim, a criança constrói o conhecimento a partir das suas descobertas, quando em contacto com o mundo e com os objectos. Por isso, não adianta ensinar a um aluno algo que ele ainda não tem condições intelectuais de absorver. Ou seja, o trabalho de educar não se deve limitar a transmitir conteúdos, mas a favorecer a actividade mental do aluno. Por isso, importante é não apenas assimilar conceitos, mas também gerar questões e ampliar ideias.
Onde está o foco: no aluno e nas suas operações mentais.
Qual é o papel do professor: observar o aluno, investigar quais são os seus conhecimentos prévios, seus interesses e, a partir dessa bagagem, procurar apresentar diversos elementos para que o aluno construa seu conhecimento. O professor cria situações para que o aluno chegue ao conhecimento.
Como se aprende: experimentando, vivenciando.
Como se introduz um novo conceito: para falar em multiplicação, por exemplo, o professor pode apresentar uma sequência de somas, até que o aluno chegue ao conceito da multiplicação. Nada de decorar tabuada. Ou, para apresentar formas geométricas, o professor dará aos alunos vários materiais, eles farão desenhos e observarão figuras até perceberem o círculo, o quadrado, o triângulo, etc.
Quais são os reflexos na sala de aula: há menos interferência do professor, que respeita as fases desenvolvimentais do aluno e procura corresponder aos seus interesses. As salas têm mais objectos para manusear, mais material, como blocos lógicos, figuras, etc. As correcções não acontecem de modo imediato, pois os erros são considerados parte do processo de aprendizagem.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: pessoas com autonomia que interagem com o meio, que têm ideias próprias e são capazes de criar, com uma visão particular do mundo.
3. Socioconstrutivismo – a aprendizagem não se subordina ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança mas a uma cooperação em grupo. O trabalho em grupo é uma ferramenta-chave para a busca do conhecimento
Quem foi o pai da idéia: o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934).
O que diz: foca a interacção. Segundo Vygotsky, todo aprendizado é necessariamente mediado e isso torna o papel do ensino e do professor mais activo do que o previsto por Piaget. O aprendizado não se subordina ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos qualitativos de conhecimento. O ensino deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de "zona de desenvolvimento proximal", que seria a distância entre o desenvolvimento real da criança e aquilo que ela tem potencial de aprender, ou entre "o ser e o tornar-se".
Onde está o foco: na interacção. É na relação aluno-professor e aluno-aluno que se produz conhecimento.
Qual é o papel do professor: ele actua como mediador entre o aluno, os conhecimentos que este possui e o mundo.
Como se aprende: observando o meio, entrando em contacto com o que já foi descoberto e organizando o conhecimento junto com os outros (professor e turma).
Como se introduz um novo conceito: se as crianças vão aprender sobre doenças, por exemplo, primeiro o professor coloca-as diante de problemas para que os resolvam com o que já sabem e mostra a elas a necessidade de novos saberes, que terão de encontrar de diferentes formas. Então, o professor as auxilia nesse processo de busca de novos conhecimentos. Os alunos podem tanto ir entrevistar um médico (o professor orientará a turma sobre como fazer uma entrevista), como consultar um livro ou a internet.
Quais são os reflexos na sala de aula: há mais colaboração e trabalhos em grupo. Parte-se do conhecimento quotidiano para se chegar à produção de conhecimento. O professor propõe tarefas que desafiam os alunos. Erros são considerados parte do aprendizado pois mostram ao professor como o aluno está a raciocinar. Os conteúdos são apresentados por temas: aprende-se sobre escravidão, por exemplo, investigando como ela se deu em vários períodos, e não necessariamente pela ordem cronológica. Utilizam-se, para isso, muitos materiais: reportagens, filmes, etc.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: pessoas cooperativas, que tenham compromisso com o mundo e com o outro, que saibam tanto expor suas ideias quanto ouvir. Pessoas que não necessariamente terão um conhecimento enciclopédico, mas que saberão como procurar as informações que lhe fazem falta.
4. Waldorf – clareza do raciocínio, equilíbrio emocional e iniciativa de acção. O professor acompanha a turma por sete anos.
Quem foi o pai da ideia: o educador austríaco Rudolf Steiner (1861-1925)
O que diz: a vivência deve preceder a teoria. Deste modo, o método prevê que o currículo escolar deve ser individualizado e levar em conta apenas as necessidades de aprendizagem do aluno em cada fase da sua vida.
Onde está o foco: no aluno e no seu tutor.
Qual o papel do professor: cada classe tem um tutor responsável por todas as matérias, que acompanha a mesma turma durante sete anos. "Nós precisamos ser uma referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se espelhar", justifica Alfredo Rheingantz, professor e membro da coordenação da Escola Waldorf Rudolf Steiner. Durante o período correspondente ao Ensino Médio, as classes ganham professores especialistas, mas continuam com um tutor.
Como se aprende: o ensino é dividido em ciclos de sete anos (de 0 a 7, de 8 a 14 e de 15 a 21 anos) e não há repetentes, justamente para que as etapas de aprendizagem possam estar em sintonia com o ritmo biológico próprio de cada idade. Como não há provas, as avaliações são baseadas nas actividades diárias, que resultam em boletins descritivos sobre o comportamento, a maturidade e o aproveitamento dos estudantes.
Como se introduz um novo conceito: outra característica da pedagogia Waldorf é o ensino em épocas. Em vez de ter aulas de diversas disciplinas ao longo do dia ou da semana, o aluno passa quatro semanas apenas a ver uma única matéria. "Isso permite que o aluno lembre mais facilmente o que viu e aprofunde melhor os conteúdos", diz Rheingantz.
Quais são os reflexos na sala de aula: no primeiro ciclo, a ênfase é no desenvolvimento da coordenação motora e no despertar da memória. Como essa fase é dedicada principalmente às actividades lúdicas, não inclui o processo de alfabetização, que acontece apenas no segundo ciclo. Neste, que corresponde ao ensino fundamental, o foco é na educação dos sentimentos para que os alunos adquiram maturidade emocional. Daí a pedagogia Waldorf ser repleta de actividades artísticas, como música, teatro e artes plásticas, além de trabalhos manuais, como marcenaria, tricô e jardinagem.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: o método Waldorf visa desenvolver a personalidade do aluno, florescendo nele a clareza do raciocínio, equilibro emocional e a iniciativa de acção. No final da escola, o estudante estará pronto para exercitar o pensamento e fazer uma análise crítica do mundo.
5. Montessori – formação integral do jovem, uma “educação para a vida”.
Quem foi o pai da ideia: a pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952)
O que diz: a linha montessoriana valoriza a educação pelos sentidos e pelo movimento para estimular a concentração e as percepções sensório-motoras da criança.
Onde está o foco: no aluno. A teoria montessoriana crê que as crianças trazem dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam a aprendizagem e encontrem um lugar no mundo. “Todo conhecimento passa por uma prática e a escola deve facilitar o acesso a ela”, diz a educadora Talita de Oliveira Almeida.
Qual o papel do professor: Maria Montessori foi pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. “Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições”, diz Talita. Assim como no construtivismo, os professores assumem o papel de guia, conduzindo e motivando o aluno no processo de aprendizagem.
Como se aprende: o método Montessori parte do concreto rumo ao abstracto. Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência directa de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora italiana desenvolveu os materiais didácticos que constituem um dos aspectos mais conhecidos do seu trabalho. São objectos simples, mas muito atraentes, e projectados para provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura da linguagem.
Como se introduz um novo conceito: na Educação Infantil, enfatiza a manipulação de peças de tamanhos, formas, texturas e cores diferentes. Na alfabetização, com a ajuda de objectos como o alfabeto móvel, utiliza-se o método fonético, em que o aprendizado parte do som da letra para se construir a palavra e depois o texto. Devido principalmente, às exigências do vestibular, a pedagogia montessoriana raramente é aplicada no Ensino Médio.
Quais os reflexos na sala de aula: crianças de idades diferentes são agrupadas numa mesma turma. Nessas classes, alunos de 5 e 6 anos estudam na mesma sala e seguem um programa único. Posteriormente eles passam para as turmas de 7 e 8, em seguida para as de 9 e 10, e, finalmente, alcançam o último estágio, que agrega jovens de 11, 12, 13 e 14 anos. Até os 10 anos, os alunos têm aulas com um único professor polivalente, enquanto nas salas de 11 a 14, esse professor ganha a companhia de docentes específicos para cada uma das disciplinas. Para que esse método funcione bem, frequentemente há actividades em duplas, trios ou grupos. Dependendo do conteúdo, o professor pode dividir a classe em grupos por idade. A maior parte do material didáctico, especialmente entre os mais novos, é de uso colectivo, como livros e lápis. A avaliação é feita para todas as tarefas, portanto, não existem provas formais. “Além de dar um conceito para cada aluno, os professores preparam boletins detalhados, especificando as posturas e os procedimentos dos estudantes”, conta Edimara de Lima, directora pedagógica da Escola Prima Montessori de São Paulo
Que tipo de indivíduo pretende formar: individualidade, actividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objecto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites da acumulação de informações. O objectivo da escola é a formação integral do jovem, uma “educação para a vida”. A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender – conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos.
Retirado de: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_295376.shtml
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